quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Decálogo do Perfeito Contista - Horacio Quiroga (1)

1. Crê num mestre - Poe, Maupassant, Kipling, Tchekhov - como na própria divindade.

Comentários:

Charles Kiefer
O tempo parece ter-se encarregado de demonstrar que duas das divindades citadas, Maupassant e Kipling, tinham os pés de barro.

Flávio Moreira da Costa
Mais do que crer, cultivar, vivenciar, amar. Ame a literatura. Não precisa nem escolher seus mestres: eles te escolherão.

Moacyr Scliar
(...) Crê num mestre, diz Quiroga, e ça va sans dire. Quem escreve contos procura mestres, como procura mestres quem faz música, ou filosofia, ou marcenaria. Buscar apoio é uma consequência natural de nossa insegurança, mas é também o testemunho de nossa admiração, de nossa referência por alguém. Agora: "mestre" é uma categoria imprecisa. O mestre para mim não o é para o meu vizinho. Poe é mestre, Tchekhov é mestre; será que Kipling é sempre mestre? E onde está Kafka, cuja leitura foi uma revelação para tantos? Onde estão os contos de fadas? E as parábolas bíblicas? Mais: mestre é mestre, mas - é divindade? Será? Será que diante daqueles que escrevem bem devemos nos colocar numa posição genuflexa? Ou será que devemos estudar a maneira como constroem a sua história, detectando também suas fragilidades, seus erros, seus fracassos? Crer num mestre - sim. Mas crer descrendo. Crer pagando para ver.


QUIROGA, Horacio. Decálogo do Perfeito Contista. Organização de Sérgio Faraco e Vera Moreira; Comentários de Aldyr Garcia Schlee... [et al.]. Porto Alegre: L&PM, 2009.


Horacio Quiroga






Horacio Silvestre Quiroga Forteza (Salto, 31 de dezembro de 1879Buenos Aires, 31 de dezembro de 1937) foi um escritor uruguaio famoso por seus contos, que geralmente tratavam de eventos fantásticos e macabros na linha de Edgar Allan Poe e de temas relacionados à selva, sobretudo da região de Misiones, na Argentina, onde Quiroga passou parte da vida. Sua vida foi bastante atribulada:a morte do pai quando ele tinha 4 anos,o suicídio do padrasto,a morte do melhor amigo com um tiro acidental disparado por ele,o suicídio da esposa e de seus 3 filhos. Sua obra mais famosa são os Cuentos de amor de locura y de muerte (1917; título sem vírgula no original), na qual se encontra o célebre conto A Galinha Degolada.
Em 1937, após ter sido diagnosticado com câncer, Quiroga cometeu suicídio, ingerindo uma dose letal de cianureto. (Fonte: Wikipédia).


O Decálogo do perfeito contista, publicado pela primeira vez em 1927, apresenta "preceitos" de Horacio Quiroga que, na opinião do escritor uruguaio, se seguidos, produziriam melhores contos. Na época, Quiroga já era um respeitado contista e a publicação do Decálogo repercutiu entre os seus contemporâneos, entre eles, Jorge Luiz Borges e Julio Cortázar. Na edição organizada por Sérgio Faraco e Vera Moreira, renomados escritores brasileiros comentam cada um dos mandamentos, apresentando suas preferências e suas restrições.


QUIROGA, Horacio. Decálogo do Perfeito Contista. Organização de Sérgio Faraco e Vera Moreira; Comentários de Aldyr Garcia Schlee... [et al.]. Porto Alegre: L&PM, 2009.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sobre a literatura (3)

Dizer de um livro que é moral ou imoral não tem sentido. Um livro é bem ou mal escrito - é tudo.

Oscar Wilde

WILDE, Oscar. Aforismos ou mensagens eternas. São Paulo: Landy, 2006.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Novos temas, novos poemas

Navegando na rede


Cibernauta de mar aberto,
por que navegas tão perto?

Faço declarações de amor,
em rede, pelo computador.

Cibernauta de mar bravio,
por que navegas no frio?

Esse frio não enregela
o canto que fiz pra ela.

Cibernauta, muito cuidado,
com um bit equivocado.

Trago, em meio à tormenta,
carinhos sabor de menta.


CAPARELLI, Sérgio.  33 ciberpoemas e uma fábula virtual. Porto Alegre: L&PM, 2012.

Se gostou do poema, aproveite para visitar o site do autor: http://www.capparelli.com.br/

Tom Waits, o aniversariante




Thomas Alan Waits (7 de dezembro de 1949) é um músico, instrumentista, compositor, cantor e ator norte-americano. Sua voz grossa e rouca e suas letras por vezes esquisitas e intrigantes marcam a personalidade de sua música. Ativo por mais de quatro décadas, Waits possui uma considerável obra, constituída de quase 30 álbuns (incluindo álbuns de estúdio, compilações e álbuns ao vivo), e mais de 50 participações diretas (como ator) e indiretas (compondo trilhas sonoras) em filmes. Já foi indicado a um grande número de prêmios musicais, tendo ganhado o Grammy Awards por dois álbuns: Mule Variations e Bone Machine.
Waits atualmente vive no Condado de Sonoma, Califórnia, com sua esposa, Kathleen Brennan, e seus três filhos.    (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom_Waits)


Downtown Train

Outside another yellow moon
punched a hole in the nighttime, yes
I climb through the window and down the street
shining like a new dime
the downtown trains are full with all those Brooklyn girls
they try so hard to break out of their little worlds


You wave your hand and they scatter like crows
they have nothing that will ever capture your heart
theyr'e just thorns without the rose
be careful of them in the dark
oh if I was the one
you chose to be your only one
oh baby can't you hear me now


Chorus


Will I see you tonight
on a downtown train
every night is just the same
you leave me lonely now


I know your window and I know it's late
I know your stairs and your doorway
I walk down your street and past your gate
I stand by the light at the four way
you watch them as they fall
they all have heart attacks
they stay at the carnival
but they'll never win you back


Chorus


Will I see you tonight on a downtown train
where every night is just the same you leave me lonely
will I see you tonight on a downtown train
all of my dreams just fall like rain
all upon a downtown train

sábado, 17 de novembro de 2012

Criação


"No sétimo dia. Deus descansou.
Quando acordou, já era tarde."

Tatiana Blum



FREIRE, Marcelino. Os cem menores contos brasileiros do século. Cotia/SP: Ateliê Editorial, 2004 (Coleção 5 minutinhos)